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As Superpoderosas

AS SUPERPODEROSAS : MÃES, PROFISSIONAIS, DONAS-DE-CASA E CRIADORAS DE CÃES

Elas são mães, trabalham em escritório, clínicas, lojas, dentre outros. Elas são donas-de-casa, cuidam dos filhos e família. Mas além disso, o que tem em comum? Elas são as superpoderosas também na criação de cães. A cada ano, o número de mulheres inseridas na cinofilia é maior. Nas raças tipo bull não é diferente e apesar de ser considerado o “sexo frágil”, as mulheres mostram que tem muita garra para conduzir essas jornadas duplas, triplas de trabalho.


GEORGIA RODRIGUES DE SOUZA Georgia é um exemplo do citado acima. Ela é supervisora em uma loja de shopping center e concilia o tempo com o manejo do canil Bully Top Team, de American Bully, de Brasília, no Distrito Federal. Para dar conta de todo o trabalho, conta com a ajuda da família. “Concilio uma coisa e outra, me desdobrando entre as obrigações de casa e do trabalho. Tenho ajuda também da minha filha Bárbara Mesquita de Souza, de 11 anos e do meu marido Thiago Mesquita de Souza. Mas não abro mão de participar integralmente do manejo e cuidados dos meus cães, sempre reservo algumas horas do dia para ficar com eles, sendo, por muitas vezes, a parte mais recompensadora do dia”, afirma. Geórgia conta como decidiu fazer início a seleção de cães. “Eu me encantei pela raça no momento que vi um cão azul com a cara de mal-encarado e poucos amigos brincando com seus filhotinhos, percebi o quanto era dócil. O fato de serem tão fortes, porém carinhosos, me pegou em cheio, passei a partir de então a pesquisar sobre a raça até decidir pela primeira aquisição. Isso aconteceu há três anos e, dai em diante, foi amor incondicional pelos Valentões Americanos. Desde então vou e acompanho sempre que possível, eventos relacionados a raça. Atualmente em casa tenho apenas 5 exemplares, pois moro em apartamento e disponho de espaço limitado. Sou apenas mais uma pessoa apaixonada pela raça dentre tantas outras existentes por aí”, comenta. “Hoje meu objetivo está direcionado a manutenção e preservação da essência do American Bully, com objetivo de desenvolver aos poucos animais saudáveis que atendam cada vez mais aos padrões determinados pelas principais entidades reguladoras da raça, para que não se perca a verdadeira identidade dos legítimos valentões”, complementa.


MARCELY PACHECO DEL MANTO Marcelly Pachecho Del Manto, do Canil Del Manto, também é uma das superpoderosas e apaixonadas por cães. Desde 2003, Marcelly cria American Pit Bull Terrier, mas a família sempre teve esse contato com cães. Marcelly divide o tempo entre os dois filhos de 6 a 9 anos, o marido e o trabalho como fotógrafa. “Minha família sempre criou cães e eu sempre fui apaixonada por eles, mas quando conheci o American Pit Bull Terrier, foi amor à primeira vista. Começamos a criar a raça, porém, com animais de baixa qualidade genética, ficou sério depois que comecei a namorar com meu marido Thiago Del Manto. Unidos pela mesma paixão, importamos cães do país de origem, Estados Unidos, pois a criação no Brasil era muito desorganizada, muitos cães sem registros, muitas misturas e falta de informação. Importamos alguns cães e compramos outros de sangue importados e registrados nos EUA”, relata Marcelly. Mas como nem tudo são flores. Marcelly também exemplifica momentos de dificuldades. “Crio desde minha adolescência e isso mudou bastante depois que tive filhos. Tivemos de dar uma pausa, diminuir a quantidade de cães até conseguirmos nos organizar melhor com o novo universo de família e criação. Atualmente nossos filhos participam de nosso dia a dia e assim a criação passou a ser um lazer para todos nós”, comenta. “Criar essa American Pitt Bul Terrier é uma maravilha, mas acompanhada de algumas dificuldades, é uma raça muito forte e que tem muitos admiradores. Muitas pessoas acabam comprando esses animais sem ter noção de como educar e criar e é uma raça bem popular. Vivemos uma realidade em que as pessoas compram animais apenas por achar bonito, mas não conhecem a sua personalidade e as peculiaridades de cada raça”. Ao ser questionada sobre diferenças entre mulheres e homens na cinofilia, Marcelly responde. “As pessoas se espantam quando descobrem que são mulheres que estão atrás de todo esse trabalho. Minha irmã e sócia Joyce Pacheco Nunes e eu que atualmente estamos a frente. Tem de ter personalidade forte.


ELBA MOURA Elba Moura também faz parte da estatística de mulheres à frente de canis no país. Ela comanda do Moriá Bully Kennel, no Amapá. Ela é criadora da raça American Bully há três anos. “Conheci a raça através da criação de APBT, onde comecei a pesquisei sobre uma raça parecida, porém mais tranquila e achei os American bullies e me encantei por serem dóceis e com aparência bem forte. Fui a primeira a trazer o American bully para o nosso Estado (Amapá), onde no início tive problemas com a aceitação da raça, devido a ser uma raça nova em um Estado que só se criava APBT. E ainda mais por uma mulher (risos). Mas comecei um trabalho de divulgação e aceitação da raça aqui entre os criadores que conheciam apenas os Pits. A criadora conta que até mesmo com a família no início teve dificuldade. “Meu esposo, Pedro Moura, no início não aceitava muito bem a ideia de dividir a maior parte do meu tempo cuidando dos cães. Tenho que conciliar trabalho e família e isso o incomodava um pouco, hoje ele é um dos meus maiores incentivadores”, afirma. “ Hoje a maior dificuldade da mulher é relacionar a família e o seu tempo com a criação, sendo que requer bastante cuidado e dedicação, mas quando se faz com amor tudo se torna bem gratificante. Mesmo porque a mulher hoje em dia como em outras áreas, vem tomando seu espaço e se destacando. Apesar de existir sim, algumas diferenças no meio dos homens que criam a alguns anos. Fico feliz que a mulher vem sendo cada vez mais bem acolhida e ganhando credibilidade em seu trabalho na criação. Hoje em dia não me vejo sem meus cães, mesmo com algumas dificuldades pelo caminho a vida se torna mais feliz com eles”, diz.


ANA CRISTINA GONÇALVES ANTUNES Ana Cristina, do Cherantun’s Bull Kennel, começou na criação de buldogue francês há 1 ano e meio. Nesse período, se enveredou também na produção dos American Bully. Hoje conta com oito bullies e sete buldogues. “A quantidade os bullies ultrapassou a de buldogues porque me encantei demais pela raça e hoje me vejo muito mais “bulleira” do que “buldogueira”, não me desfazendo dos buldogues que foi de onde tudo começou, mas o amor pelos bullies não tem explicação, o temperamento dócil e a aparência de “mau” me chamaram muita a atenção. Eu optei por criar primeiramente pela paixão por cães desde criança. Herdei essa paixão do meu falecido pai que também era fã dos animais e sempre me levou ao sítio que tínhamos quando criança e me ensinou a amá-los e respeitá-los. E vi na criação um motivo para me manter mais perto deles (cães) e poder ter muitos (risos). O amor pelos cães fez com que Ana Cristina pensasse em ter um canil registrado. “O amor me levou a criar e não como forma de ganhar dinheiro. Meu intuito é gerar cães saudáveis que possam passar para sua nova família um pouco do amor e respeito que encontram aqui, porque particularmente meus cães além de lindos são uns amores e criados com total respeito, amor e dedicação. Os buldogues franceses são cães de companhia, muito brincalhões e dóceis. Eles adoram crianças e fazem festa com qualquer pessoa. Os american bullies são bem parecidos com os buldogues em relação a temperamento, convivem aqui em harmonia, são cães de companhia, brincalhões e muito mansos”. Na rotina diária, Ana Cristina também se reveza entre trabalho fora de casa e cuidado dos cães. “ Eu trabalho numa cidade vizinha de onde moro (Nova Friburgo/RJ) ando 100km, 3x por semana e o tempo que me resta é dedicado aos cães. A família reclama bastante da minha ausência em reuniões familiares, mas sabem que meu tempo é super corrido. Eu tenho uma sócia, Luana Miranda Cherene, que me ajuda em algumas situações e uma ajudante que nos dias em que trabalho fora vem lavar o canil, tratar dos cães por que saio muito cedo e chego tarde, então, a Beth me ajuda com os afazeres do canil em alguns dias da semana”, conta. Para Ana Cristina, a falta de tempo é a maior  dificuldade enfrentada. “Acho que a maior dificuldade na criação é a falta de tempo porque temos de abrir mão de uma vida mais próxima da família ou de viajar num feriado, ou de sair com amigos porque para criador não tem sábado, domingo nem feriado. Todo dia é dia de trabalhar firme. Eu coloco a mão na massa mesmo, acredito que seja mais ou menos parecidas a criação de um homem ou mulher, mas é claro que o toque feminino ajuda (risos).


MARIELE NEVES The Magic Bull Kennel foi o nome escolhido por Mariele Neves para o canil no qual é proprietária. A mágica não está somente no nome, mas também em realizar o sonho que ela diz que tinha desde criança de ter muitos cães. A paixão é exatamente o que ela mantém hoje, cães de grande porte, fortes, com aparência que chame a atenção, por isso, optou pela raça American Bully. Foi por meio dos American Staffordshire Terrier que ela conheceu os bullies. A partir daí, a vida se transformou: Houve a mudança para uma chácara e o início da estruturação para receber os novos moradores. “Hoje possuo um pequeno plantel de 10 cães, pois vendi alguns cães que vi que não eram o padrão que busco, estou investindo em outras linhas de sangue para chegar no fenótipo que busco; fenótipo que no qual não abro mão de estrutura forte, compacta, temperamento dócil e saudável, cães com uma boa movimentação, os mais corretos possíveis e com uma grande redução de problemas genéticos”, afirma. Mas assim como Georgia, Ana, Elba, Marcelly, Mari também é mãe, esposa e concilia seu tempo com as rotinas diárias entre família e trabalho. “De manhã dedico-me a minha filha de 5 anos, levo para o colégio, assim ficando livre à tarde toda para os cães , busco-a no colégio e dou continuidade nos afazeres do canil junto a ela. Os cães seguem uma rotina: São soltos pela manhã, ficam soltos até final de tarde , onde são presos em seus canis de 2 em 2 para alimentação e dormirem”. Ao ser questionada sobre a maior dificuldade na criação, ela é enfática em dizer. “Crio o que gosto. Não abro mão do que acho ser certo para “acompanhar mercado para agradar público x. Acho que a maior dificuldade hoje é lidar com o ser humano (risos)”. Sobre existir alguma diferença entre os representantes cinófilos (homens e mulheres), ela aponta não notar distinção. “Eu não tenho sofrido com isso, a procura tem sido grande, não vejo dificuldades. O que diferencia um criador do outro é a credibilidade, honestidade e um bom atendimento ao cliente não somente na hora da venda, como principalmente no pós venda e, logicamente tendo bons cães. Afinal, não adianta ter todos esses requisitos se não houver bons cães”.


CLAUDIA ANDREZZA SALES Do canil Fly Dogs Bully, a representante é Claúdia Andrezza Sales. Ela fala sobre como teve início o seu amor por cães. “Minha história como criadora é algo maravilhoso, porém nunca imaginado por mim, pois na minha infância inteira nunca tive um animal de estimação. Quando me casei com Fernando ele tinha alguns Pit bulls apenas para pet mesmo. Mas ali nasceu um amor pelos cães surreal, pude sentir o quanto era prazeroso ter um cão. A partir daí começamos a pesquisar sobre a raça, qualidade, enética, o que era certo o que era errado, e fui me apaixonando cada vez mais, foi aí que conhecemos a raça American Bully, com um temperamento incrível, uma aparência física muito bonita; foi amor à primeira vista, daí nasceu aí o Canil Fly Dogs”, relembra. Mas a criação trouxe mudanças. “Mudei toda minha vida, eu era gerente financeira de um hotel, trabalhava no ar condicionado, salto alto, muito bem vestida e de repente acordo catando cocô, durmo catando cocô, cabelos presos, bota sete léguas nos pés, porém nunca fui tão feliz na minha profissão”. Atualmente Cláudia tem aproximadamente 80 exemplares de American Bully. “Hoje tenho 13 anos na criação, contamos com as linhas de sangue mais atuais, temos 80 cães, com a média de 40 a 50 cães em plena atividade, moro em uma chácara de 7 mil metros quadrados onde se localiza o canil”. Para Claúdia, todas as dificuldades podem ser superadas. “Em questão de dificuldades na criação, no meu ponto de vista, com dedicação e carinho tudo pode ser superado”. Ela diz ainda que homens e mulheres atuam em canis sem distinção. “Eu como mulher que passo o dia na lida com os cães acho que não tem diferença a não ser pra carregar os pacotes de ração (risos) fora isso eu lavo canil, faço inseminação, faço parto, acordo de madrugada pra dar mamar, faço tudo que um homem faria, mas com mais carinho e dedicação. Hoje me sinto realizada com meu trabalho, com o auxílio do meu marido e dos meus filhos, que querem seguir os passos dos pais, não é um serviço fácil , pelo contrário, sem férias, sem viagens, noites mal dormidas, mas quando chega o fim de mais dia vejo que vale a pena ser criadora”.


 

ELAS TAMBÉM REPRESENTAM AS RAÇAS

A criadora Geórgia Rodrigues de Souza conta para Best Breeders o que ela busca na criação dos American Bully. “O American bully em suma é um cão que deve ter um corpo forte, musculatura pronunciada, compacto, traseira forte, cabeça grande em bloco, olhar expressivo, ossatura pesada, ao vê-lo deve se ter impressão de força e robustez. Em contrapartida ao fenótipo intimidador ele deve de imediato demonstrar muito afeto, carinho e docilidade típicos da raça, sendo extremamente dócil com pessoas e outros animais, é um cão de companhia. Trata-se de uma raça nova, portanto ainda em desenvolvimento, com as mais diversas apresentações fenotípicas, porém existe um padrão, esse de fato, não pode nem deve ser negligenciado. Deve ser lido, interpretado e compreendido primeiramente, para somente então aos que se interessarem e entenderem, aí sim iniciar um projeto de criação dentro de uma raça existente. Não devemos confundir uma coisa com outra. Trabalhar uma raça existente afim de preservar e evoluir gradativamente é diferente de criar uma raça completamente alheio aos padrões”. Marcelly Pacheco Del Manto também alerta sobre os Pits Bulls. “Para ter um Pit Bull é preciso ter perfil para tal ou um bom especialista comportamental e adestrador. Muitos criadores no Brasil não tomam os devidos cuidados para vender esses cães, muitas vezes esses cães nem registro possuem. Infelizmente nem todos se preocupam com a criação e a raça, tomando os devidos cuidados ao selecionar animais de sangue procedente, com registros no país de origem e linhas de sangue tradicionalmente conhecidas, muitos trabalham às escuras com sangues nacionais que não conseguem provar suas origens, trabalhos realizados em sangues com muitos registros iniciais e misturas de raças”.

Revista Best Breeders – Edição Nº 1 – Agosto 2017

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