Quinta entrevista, da série Perfil Bully, para conhecermos melhor os criadores que são destaque no Brasil. Apresentamos Lincoln Fernandez – Monkey Blue Kennel:
Com uma das criações de mais resultados, Lincoln Fernandez é um dos maiores especialistas da raça no país. Com uma bagagem em diversas raças Bull, também é pioneiro com o primeiro Bully Club brasileiro.
*entrevista originalmente publicada em novembro de 2015
1) Qual sua visão geral sobre criação de cães?
A primeira palavra que me vem à cabeça quando falamos em criação é respeito. Respeito pelos cães, pelos clientes, pelos outros criadores, respeito, acima de tudo, para com os ideais e objetivos de cada um. A segunda palavra que me vem à cabeça quando falamos de criação é amadorismo.
O Brasil, de uma forma geral, é um país onde a cultura da criação é amadora. Temos grandes conhecedores cinófilos e cinólogos, muito conhecimento em diversas raças, mas de forma geral são uma minoria, em comparação à grande polução brasileira.
O Brasil ainda tem uma cultura limitada com relação à criação de cães de alto nível, em basicamente todas as raças, salvo algumas exceções. Se fizermos um paralelo da criação de cães de raça e a criação de eqüinos e bovinos de raça, por exemplo, o Brasil ainda esta engatinhando no desenvolvimento de cães de raça em muitos aspectos: comerciais, genéticos e científicos.
Eu entendo que a criação de cães, como qualquer meio de atividade que desenvolva seres vivos, precisa de muito estudo, muito investimento, muita pesquisa, muita dedicação. Acima de tudo muita perseverança, pois as decepções, de certa forma, são muitas e as alegrias são conquistadas com muito esforço.
Criar cães para mim é como uma arte que você começa desenhando uma paisagem comum, até o dia que será capaz de ter conhecimento e inspiração para pintar sua própria Monalisa.
2) Como conheceu o American Bully e qual foi o primeiro impacto com a raça?
Sou um pesquisador ativo do Universo Bull, em geral, há aproximadamente 20 anos. Em meados de 1997/98 já comecei a acompanhar o que viria a ser chamado futuramente de American Bully. Em 2001 um dos primeiros cães a chamar minha atenção chamava-se El Lobo do canil americano Muglestons Farm. Até convidei alguns amigos na época para trazer um filho desse cão para o Brasil, mas ninguém se interessou e sozinho eu não tinha condições financeiras para isso naquele momento.
Sempre busquei um perfil mais extremado para meus cães, nunca fui um criador de muitos cães, meus objetivos sempre foram mais voltados aos resultados. Iniciei uma pequena criação de cães da raça Bull Terrier em 1996, naquela época era comum eu ouvir dos juízes: “seus cães são impressionantes, mas você esta saindo do padrão, seus Bull Terriers estão muito pesados, muito extremados, muito Bull.”
No ano de 1998 iniciei uma criação paralela com os American Staffordshire Terriers, aonde vim a possuir exemplares e linhas de sangue dos canis Von Sebastian Wolf, Villa Lobos e New Kraftfeld. Mais uma vez a historia se repetiu: “seus cães são impressionantes, mas estão muito baixos, muito fortes, muito Bull. Você não esta seguindo o padrão da raça”. Confesso que naquele momento isso me frustrava, pois era como ouvir diversas vezes que eu estava errado.
Quando iniciei nos Bull Terriers e posteriormente nos American Staffs, meu sonho era a criação do Staffordshire Bull Terrier e esse sonho veio a se realizar no ano de 2002, quando tive a possibilidade de adquirir meu primeiro casal da raça, derivados de linhas europeias.
Pouco tempo depois eu já havia parado com a criação de Bull Terriers e a criação de American Staffordshires ficou em segundo plano com ninhadas esporádicas, mantendo somente um ou dois exemplares junto a mim, para fazer a segurança.
Os Staffordshire Bull Terriers eram uma realização para mim e busquei desenvolver os cães que eu gostava. Para minha surpresa, mais uma vez ouvi que meus cães estavam muito pesados para a raça.
Sempre houve no mundo quem gostasse desse estilo de cão mais baixo, mais curto, mais forte. Fossem nos Staff Bulls, nos Pit Bulls ou American Staffs, mas de alguma forma esses cães corriam na sombra dos grandes campeões de pista dessas raças.
Em 2005 comecei a ouvir, com mais força no Brasil, a chegada dos American Bully que estavam sendo importados pelo canil USBF, com novas linhagens, mas ainda classificadas como Pit Bulls. Nunca criei Pit Bulls, fui proprietário de alguns exemplares durante um tempo e tinha muitos amigos criadores da raça, sendo um universo que acompanhei de muito perto desde 1996, mas confesso nunca fui um amante dos Pit Bulls a ponto de dedicar uma criação a eles.
A chegada desse novo conceito de cães ao Brasil foi algo que gerou em mim uma espécie de libertação. Agora parecia que outras pessoas que também estavam erradas pelo mundo haviam levantado uma nova bandeira. Agora ser baixo, forte, compacto e impressionante fazia parte de um padrão, ainda que eu tivesse que enfrentar o meu próprio entendimento. Teria que escolher abraçar essa causa ou não.
Outra situação importante é que sempre houve, no Brasil e no Mundo, quem cruzasse Pit Bulls ou American Staffs com Bulldogs, e eu tinha o conhecimento sobre isso. A chegada desse novo conceito reativou isso em alguns criadores e alguns deles passaram a falar abertamente sobre esse tema, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Naquele momento um cão no estilo do Kurupt, porém mais compacto ou um cão no estilo Marco Suarez, porém mais volumoso, certamente já iria me satisfazer. Não consegui resgatar muito do que eu havia feito com os American Staffordshires. Até por que foram poucos cães que criei, o que foi possível inicialmente resgatei. Eu acreditava que o que eu já havia conhecido nos American Staffs poderia ser muito útil inicialmente.
O primeiro cão que adquiri com esses sangues novos, importados pelo canil USBF, foi um filho do USBF Father Hood fruto do primeiro fechamento em Kurupt que havia ocorrido no Brasil, cruzado em uma fêmea de sangue Costa Riquenho do canil Cães do Leste. Coincidência ou não, USBF Father Hood foi um cão que eu vi desde que pequeno, pois morava na minha rua.
Kurupt foi um dos primeiros cães que olhei e realmente me despertou interesse. Saber que havia chegado ao Brasil esse sangue foi bastante animador para mim naquele momento, mesmo que as pessoas ainda chamassem esses novos cães de Pit Bulls. Passei a me dedicar exclusivamente ao American Bully e, novamente, às pesquisas sobre o conceito American Bully, resgatando estudos que eu havia feito no inicio dos anos 2000 com cães chamados Razor Edge.
No ano de 2007 começaram a aparecer cães realmente diferentes nas minhas pesquisas, vi que o American Bully em algumas linhas da raça até poderiam ter se originado inicialmente de Pit Bulls e American Staffs nos anos 90, mas daquele momento em diante isso não seria mais uma verdade plena.
Novas linhas, com fenótipos muito particulares, estavam se espalhando no mundo e o conceito American Bully já era uma realidade mundial. O surgimento de cães como Dax, Miagi, Bullseye, Freak Show, Bolow entre tantos outros vieram a confirmar isso posteriormente.
O primeiro cão a me fazer parar e dizer “é isso, não quero outra raça, é isso que eu quero para mim”, foi o Panic. Quando o olhei, pensei e falei para mim mesmo: “Sim é possível. Isso não será passageiro, o American Bully veio para mudar o Mundo Bull definitivamente”. Eu já havia visto muitos cães desde 1996, de várias formas e formatos, muitos ao vivo, outros em pesquisas diversas, mas o Panic foi algo que eu nunca tinha visto na minha vida.
Os cães que existiam naquele momento no Brasil ainda eram muito próximos ao que eu já havia feito e conhecia como American Staffordshire ou American Pit Bull, eu queria mais. Nem todos sabem, mas o Brasil foi um dos principais países do mundo a ter muitas criações voltadas para esse perfil fenotípico de cães desde 1995.
Eu sabia que iria precisar de um cão especifico, que possuísse as características que eu buscava para minha seleção. Nesse momento surge em Curitiba, no Canil Rasec, um filhote fruto do cruzamento entre USBF Mr Wide (Irmão de Ninhada do USBF Father Hood) fechados no cão Kurupt cruzado com uma matriz, sabidamente, derivada de Pit Bulls que sofreram uma inserção de bulldog anteriormente.
O fruto desse resultado viria a se chamar Mickey. Foi difícil aceitar naquele momento que era isso, era aquele fenótipo, que eu queria para o meu American Bully. Enfrentei um conflito interno naquele momento.
Vale ressaltar que não havia nenhum cão similar àquele resultado disponível no Brasil no momento, nem importado, nem nacional. A maioria ainda eram muito próximos ao que já havíamos visto em Pit Bulls e American Staffs, inclusive denominados dessa forma em seus registros rácicos.
Eu fiquei por quase um ano tentando comprar esse cão sem sucesso e sabia que o dia que eu conseguisse comprá-lo eu compraria a maior briga que um criador da minha formação poderia comprar. Não me importava mais se iriam me crucificar por ter um cão com a genealogia como a dele, até mesmo por que para mim as linhas importadas também possuíam genealogias similares, mesmo que muitas delas não se mostrassem nos pedigrees apresentados pelos americanos.
Eu queria esse cão para trabalhar com cães de linhas importadas Razor Edge e Gottyline, com cães já derivados do sangue Kurupt e com cães de sangues nacionais derivados dos American Staffs Costa Riquenhos. Logo em seguida começaram a surgir os primeiros resultados consistentes com as linhas importadas Razor Edge e Gottyline.
Vim a adquirir, primeiramente, os Razor Edge, pois era algo consistente e com uma beleza e correção muito interessante, que eu já conhecia de longa data; já os Gottyline vim a adquirir pelo novo look e pelo grande volume muscular. A diferença é que a Gottyline levei um pouco mais de tempo para adquirir, pois queria ver como o sangue se comportava em diversos cruzamentos.
A linha de dorso dessa linhagem de sangue me incomodava um pouco a princípio, mas o desenho, principalmente, de pescoço e ombros era algo realmente que me atraia. No entanto, eu precisava de algo especifico, não queria só um nome no papel, eu queria realmente exemplares com as características de suas linhas.
A partir de 2010 muita coisa começou a mudar, tanto no Brasil quanto no Mundo, os cães agora já não eram mais somente ditos como derivados de American Staffs e Pit Bulls. Agora havia Tipos novos totalmente abulldogados e esse reconhecimento passou a ser falado abertamente no mundo todo. A partir daí a raça passa a sofrer a maior ramificação que uma raça de cães poderia ter. Entidades se separando e o surgimento de novas entidades, cada uma defendendo sua própria verdade.
Muita coisa mudou nesse universo nos últimos 20 anos, tenho certeza que muitos criadores também se permitiram aceitar novos conceitos e certamente o surgimento do American Bully foi um grande responsável por toda essa revolução que ocorreu no universo Bull.
3) Sua visão sobre o American Bully mudou desde que iniciou na raça?
Acredito que a minha visão não mudou, os objetivos da raça sempre foram similares. O que mudou são os resultados que passaram a aparecer na raça no mundo, criando em todos um fôlego de que é possível atingir resultados que muitos de nós acreditavam que seriam quase impossíveis a 15 anos atrás.
4) Qual foi a importância de ter utilizado o “sangue nacional” de Pits e Amstaffs no seu programa de criação?
Sou muito cauteloso com os cães que eu uso. Preocupava-me muito, no inicio, com a utilização somente de cães importados por não saber realmente o que essa genealogia poderia me favorecer: fosse negativa ou positivamente. Principalmente com relação à saúde, temperamento e defeitos estruturais.
Já existiam cães com defeitos graves de aprumos pelo mundo bully naquele momento. Historicamente, o criador americano, em geral, tem uma cultura bastante forte com relação a fechamentos de sangue consecutivos e eu tinha a certeza que esses novos cães importados dificilmente não seriam cães de sangues fechados.
A utilização dos cães nacionais junto aos novos sangues que estavam chegando dos Estados Unidos era uma segurança para mim, de cães e genealogias que eu confiava, e sabia do poder genético e segurança que poderiam me trazer.
Fui muito criticado no começo, pois havia um entendimento geral naquele momento que só se deveriam usar cães importados, mas eu confiava naquilo que estava fazendo. Sobretudo, eu havia vivido e acompanhado durante muitos anos esse conceito. Acreditava que, naquele momento, era o melhor que eu tinha a fazer para reproduzir cães com certa consistência, pelo menos até ter todas as informações que eu gostaria de ter das novas linhas importadas.
Foi uma decisão minha e não me importava quem não concordasse com isso, já que as entidades americanas reconheceram esses cães como exemplares da raça. Hoje tenho cães com combinações genéticas possuindo basicamente quase todas as linhas de sangue novas que chegaram ao Brasil nos últimos anos. Mas sempre mantenho perto de mim alguma ponta de sangue dos ditos nacionais.
5) Enquanto os muitos brasileiros defendiam o “Manual ABKC”, sobre a raça ser exclusivamente uma evolução da junção entre APBT x AST, você abordava os vários mixes que o American Bully possuía com diversos bulldogs e outras raças. Logo depois isso veio a ser confirmado quando a UKC passou a registrar a raça e também com a IBKC. Você se sente um quebrador de paradigmas?
Não me considero um quebrador de paradigmas, pois o próprio surgimento da raça American Bully é a quebra do paradigma em si. Era algo claro, para mim, que a raça não poderia estar apresentando os resultados que apresentava sendo somente seleções de American Pit Bull Terrier e American Staffordshire Terrier.
Um ponto importante que muitas pessoas não avaliavam, naquele momento, é que o uso das nomenclaturas Pit e Bulldog nos Estados Unidos é algo muito controverso. Muitos criadores de Pit Bulls tradicionais se referiam a seus cães como Bulldogs, por exemplo. O American Bully surge em uma época muito peculiar nos EUA, onde também estava em desenvolvimento o Olde English Bulldog, o American Bulldog, o Shorty Bull, entre outros.
O American Bully é fruto de um dos universos mais complexos da cinofilia, que é o universo bull. Colocar a raça como uma seleção simples de American Pit Bull Terrier (um universo de diversidade fenotípica) e American Staffordshire Terrier (uma variação do próprio American Pit Bull Terrier) era, para mim, algo que não explicava os resultados que estavam surgindo naquele momento. Era natural e justo que as entidades, com o passar do tempo, apresentassem em seus padrões também a nomenclatura Bulldog na formação da raça.
Colocações do tipo “’O que é?’ ‘O que não é? ‘Quem é?’ ‘Quem não é?’” sempre existiram no universo Bull, em diversas raças. As respostas sempre tiveram ligação com o entendimento e com a época que elas foram feitas e, sobretudo, para quais pessoas essas perguntas foram feitas.
Grandes nomes da cinofilia de diversas épocas, em vertentes diferentes desse universo, apresentavam suas visões de acordo ao ponto de vista que eles entendiam ser corretos, quando abordados sobre o que era um American Pit Bull Terrier, ou um American Staffordshire Terrier ou um Bulldog.
Nunca tive a intenção, em nenhuma matéria ou artigo que escrevi, de ser dono da verdade, minha intenção sempre foi de fazer as pessoas refletirem sobre o tema. Ver que, de alguma forma, minhas colocações se confirmaram com o passar do tempo é gratificante.
6) Já produziu algum cão que é a personificação do seu objetivo na raça ou ainda pretende chegar lá?
Já produzi cães bastante interessantes e posso dizer que já atingi resultados almejados por muitos criadores, mas tenho pretensões maiores.
Entendo que o criador é alguém que deva estar sempre em busca de algo, sempre incomodado, sempre, de alguma forma, insatisfeito com algum ponto. É isso que o motiva a estar em constante desenvolvimento, em busca de algo melhor.
Para mim, o criador que se sente totalmente realizado não enxerga os pontos a serem melhorados no seu plantel e tem uma séria tendência a desenvolver uma espécie de narcisismo, iniciando o começo do fim do seu trabalho de desenvolvimento rácico.
Talvez um dia eu consiga fazer um cão fenotipicamente e genotipicamente perfeito, aos meus olhos. Trabalho diariamente para isso.
Tenho comigo algumas premissas: gosto de um cão rústico, robusto, altivo, correto, com boa massa muscular, bons aprumos, com expressão forte e principalmente de bom caráter.
7) O que analisa em um exemplar para utilizá-lo em seu programa de criação?
Conjunto, volume, estrutura, correção de aprumos, tipicidade, temperamento, saúde, consistência da ninhada do individuo, consistência dos ancestrais do individuo.
Como o sangue se comporta em uso com diversas linhas, qual a característica que a linha transfere com maior facilidade, quais os defeitos que a linha transfere com maior facilidade, quais as linhas que possuem ancestrais similares, enfim, o máximo de informações possíveis.
Fora essas avaliações básicas iniciais, acredito muito no feeling do criador. Não me importa o dono do cão, não importa se é um cão famoso ou não, não importa se é do Zé da esquina ou do Presidente, se eu acreditar que um cão pode ser útil ao meu plano de criação ele será usado.
8) Qual o segredo de utilizar várias linhas de sangue e ainda conseguir imprimir uma característica própria?
Muitas pessoas me fazem essa pergunta, quase que diariamente. Não sei qual o segredo, talvez um ponto importante seja fazer uma pesquisa profunda sobre as diversas linhas.
Muitas pessoas fazem uma avaliação superficial sobre os cruzamentos, avaliando pais e avós, ou avaliando somente algumas fotos. Eu procuro buscar um equilíbrio, genético e fenotípico, de acordo com meu objetivo para cada cruzamento.
Sou bastante observador e curioso com os resultados de diversos criadores no Brasil e no mundo, talvez isso de alguma forma tenha me auxiliado ao longo dos anos.
Ao contrário do que as pessoas pensam, quanto mais resultados agente atinge, mais difícil se torna o aprimoramento. Manter uma criação de alto nível, em evolução constante, ou pelo menos tentar fazer com que isso ocorra, não é tarefa fácil.
9) O que pensa sobre o plantel nacional e seu futuro?
Penso que o plantel nacional, de forma geral, se assemelha aos cães do final dos anos 1990 nos Estados Unidos. O Brasil possui, sim, cães realmente de altíssimo nível na raça. Em comparação/proporção com o plantel geral nacional, ainda são poucos, a meu ver, os que almejam uma criação de alto nível.
Particularmente, ainda, vejo muito mais fotos de ancestrais maravilhosos, com descendentes bastante medianos no plantel nacional geral. Vejo a raça no futuro no Brasil se dividindo entre:
- uma pequena parcela de cães de alto nível, no mesmo nível ou até melhores que muitos americanos;
- uma segunda parcela um pouco maior de cães bons e medianos;
- uma terceira parcela, a maior delas, de cães similares ao que já chamávamos de Pit Bulls há muitos anos.
Apesar de ter produzido alguns cães com características mais abulldogadas, pois os vejo como ferramentas importantes para o equilíbrio ideal da raça, ao contrário do que muitos pensam meu gosto pessoal está no equilíbrio – onde a raça não se pareça nem com um Pit Bull e nem com um Bulldog.
O ponto de equilíbrio onde ela não somente pareça completa, mas acima de tudo no ponto onde ela seja realmente o conceito do American Bully. Eu particularmente gostaria que o futuro da raça caminhasse para cães no estilo: Mr Europe, Big Boss, Casa Blanca, Rambo, Pancho, Pachanga, Panic, Cream, Ebay, entre outros que admiro bastante dentro na raça. Mas deixo claro meu respeito por todas as variedades.
10) Deixe uma mensagem final, um conselho, para quem está lendo essa entrevista.
Eu não me considero apto a aconselhar ninguém, mas eu diria que busque se aprimorar. Não acredite em tudo que te contam, questione, se aprimore. Pesquise, não só a raça American Bully, pesquise o universo Bull de forma geral e todas as suas vertentes. Pesquise sobre genética, pesquise sobre a época em que estavam os cães que você vai estudar, seja respeitoso para com o trabalho do outro.
Não arrisque, não cruze por cruzar, para ganhar algum dinheiro. Não largue seu trabalho acreditando que vai ficar rico vendendo cachorro. Criação de resultados é para profissionais.
Não viva de teorias. Teorias cada um defende a sua sobre seu próprio ponto de vista, mostre resultados, são esses resultados que validam as teorias de cada um. Saiba ler um pedigree nas “entrelinhas”.
Saiba o significado das palavras ‘Herança Quantitativa’ e ‘Qualitativa’. Saiba o que é ‘Inbreeding’, ‘LineBreeding’, ‘Outcross’, ‘Scatter’ e como isso molda uma arvore genealógica ao longo dos anos.
Entenda o nível que você se encontra na criação. Não seja mais um, faça a diferença nos resultados, pois eles vão ser seu alicerce. Entenda que não há criação sem seleção, não há criação que gere frutos somente maravilhosos.
Não há criação que não exija aprimoramentos. Todo cão fenômeno é famoso até o dia que um de seus descendentes vai superá-lo, e assim geração após geração.
Seja critico, olhe seus cães todos os dias. Ame seus animais, mas saiba que no momento da avaliação você deve ser frio e calculista. Sobretudo realista consigo mesmo e com seu plantel. Seja como um pai que ama seu filho mas precisa, muitas vezes, dizer não para o bem dele.