SARNA DEMODECICA
Um assunto muito polêmico e amplamente discutido no meio da cinofilia diz respeito às manifestações de crescimento cutâneo do ácaro Demodex Sp., principalmente em filhotes e fêmeas em época reprodutiva. O ácaro é comensal da pele, ou seja, praticamente todos os animais possuem o ácaro na pele hígida. A doença só se instala quando o sistema imunológico não consegue manter a população do parasito sob controle.
A sarna demodécica é dividida em 2 grupos: Demodécica juvenil, que acomete animais jovens entre 3 a 18 meses, podendo se manifestar de forma localizada ou generalizada. A manifestação de início adulto, geralmente está relacionada a doenças que causam imunodeficiência, como tumores, hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, tratamentos medicamentosos imunossupressores ou diabetes, em animais de meia idade e idosos.
Existe um grande equívoco no que tange aos animais acometidos, no que diz respeito ao crescimento do ácaro. Muitos dizem que a doença é genética e incurável, o que não é verdade. A sarna demodécica pode se manifestar em animais jovens de forma espontânea, nas idades entre 3 e 6 meses, devido a modulação do sistema imunológico. Isso não significa que o animal continuará a apresentar os sinais clínicos da doença. Na maioria das vezes, a doença é auto limitante e está diretamente relacionada aos seguintes fatores: Stress, como mudança de moradia, verminose, e alimentação inadequada.
Animais de raça pura são super representados, pois é mais comum os proprietários procurarem serviços veterinários para diagnóstico e tratamento. Vale ressaltar que um grande número de filhote apresentam o crescimento do ácaro já na residência dos novos tutores, pois o stress do transporte e a chegada em um novo ambiente causam um aumento de secreção do Cortisol, hormônio do stress. É sabido que animais sob condições estressantes são mais propensos ao desenvolvimento de crescimento cutâneo do ácaro.
Os animais com manifestação juvenil localizada, geralmente se curam sem necessidade de tratamento algum. A adaptação do animal ao novo ambiente, na maioria das vezes faz com que haja a diminuição da liberação do Cortisol, fator determinante no crescimento exacerbado do ácaro.
A castração do animal acometido só é indicada para as manifestações generalizadas que acometem o animal desde a idade juvenil e que não tenham outra doença de base imunossupressora. Castrar um animal em crescimento e com manifestação localizada, sem a chance do mesmo modular o sistema imunológico, é um exagero e deve ser evitada. Animais adultos com manifestação generalizada e sem doença de base conhecida, devem ser retirados da reprodução.
Há formas de minimizar o crescimento do ácaro no animal jovem, através da suplementação com Vitamina E, alimentação adequada, ambiente enriquecido e protocolo vacinal e de vermifugação corretos. Aos criadores, cabe ressaltar que os mesmos devem comunicar aos adquirentes que pode ocorrer crescimento do ácaro em algumas regiões da pele devido a troca de ambiente e stress pelo transporte, em contrato formal assinado por ambas as partes.