Raça “Pura”

RAÇA “PURA”

Após observar diversas discussões ao que se referem a “pureza racial”, faz me parecer que os criadores estão tratando “raças” caninas como se fosse parte de uma organização taxonômica das espécies (como se fizessem parte das relações evolutivas naturais).

Hoje em dia falar que determinadas “Raças Caninas” são “Puras por Origem” é muito difícil sem que esbarremos em conceitos genéticos básicos. No que se refere à seleção e entendimento de modo em geral, a pureza racial de “origem” ou “sem mistura” são aquelas que foram originadas de locais segregados e em isolamento por longos períodos de tempo, e que dificilmente são comprovadas. Assim sendo, não podemos afirmar que exista uma “raça canina” em que não houve o cruzamento inter-racial; o que existe é uma “raça” muito aprimorada, com tipicidade marcante e muito selecionada ao longo dos anos.

O conceito de Raça está condicionada à descrição Oficial do seu Padrão, que determina um conjunto de características semelhantes transmitidas por hereditariedade. São linhagens dentro de uma mesma espécie, com visível semelhança fenotípica e a propensão a determinado temperamento, desenvolvida ao longo das gerações em que os exemplares mantêm as mesmas características.

Fico impressionada que nos dias atuais, pessoas considerem um “atentado a cinofilia” a mistura de raças com o propósito de originar uma outra. É claro que devemos manifestar certa preocupação com eventuais inserções, pois todo o cruzamento deve ser feito com estudo, responsabilidade, e precauções devem ser tomadas a fim de não se introduzir problemas genéticos na nova raça que se forma. O objetivo do criador deve ser visar sempre o melhoramento genético, com a preservação da saúde e temperamento.

O que define que um cão é de raça “pura” é o seu pedigree, emitido pelo serviço de registro genealógico, que definiu o Padrão da Raça a qual pertence, obedecendo a critérios estabelecidos pelos regulamentos da entidade responsável pelo controle da raça.
A IBC considera que o Exotic Bully “Puro por Cruzamento” (note que não mencionamos que são puros por “Origem”), é o produto F4 (93,75%) partindo da combinação de outras raças pré-estabelecidas. Assim, será atingida a PUREZA RACIAL POR CRUZAMENTO.

A seguir relataremos um breve histórico sobre a formação de algumas raças de para ilustrar um pouco mais sobre esse tema:

  • Vamos considerar que há alguns séculos existiam os cães “Terriers” e os “Antigos Bulldogs Ingles” (além de outros tipos caninos, mas só esses vem ao nosso interesse no momento).

 

  • Com o intuito de participarem de esportes envolvendo brigas entre cães e outros animais, selecionadores (criadores da época) resolveram cruzar cães do tipo Terrier com os Bulldogs, objetivando cães fortes como os Bulls e ágeis como os Terriers. Ao longo da história surge o conhecido American PitBull Terrier. Notem que eles ainda são terriers, com discretos traços Bulldogs. A Seleção foi baseada na funcionalidade, os que desempenhavam melhor a função de combate.

  • Com a aprovação de leis que proibiam lutas entre os cães, o propósito da criação declinou e os criadores de cães decidiram construir uma nova raça, desta vez, não mais baseados no desempenho em brigas, mas sim, nos que tivessem a melhor conformação para exposição e que melhor representassem o “padrão racial”. Surge o “American Staffordshire Terrier”, vale ressaltar que os cães ainda carregam o nome Terrier, por tanto permanecem Terriers, com traços Bulldogs.

 

  • Com crescente preconceito sobre os cães da raça Pitbull, leis proibindo essa raça foram criadas em diversos lugares do mundo. Alguns criadores então, resolveram amenizar ainda mais o temperamento dos cães, combinando declaradamente as raças “American PitBulls” e “American Staffordshire Terrier” visando cães com aspectos mais atarracado e temperamento brando (para a “surpresa” dos “puristas” que não admitem Pitbulls nos Registros Genealógicos).
    Somada às raças declaradas, tivemos ainda inserções de raças “não declaradas” que conferiu aos cães, um aspecto mais Bulldog que os cães de formação (em tese). Agora os cães perdem o nome “Terrier” e prevalecem traços Bulldogs. Surge o American Bully. É importante lembrar que traços Terriers ainda são esperados nessa raça, por exemplo: face com poucas rugas, movimentação mais leve e balanceada que a dos Bulldogs e por incrível que (não) pareça, o padrão ainda pede mordedura em tesoura (com exceção da categoria Miniatura que permite a mordedura com leve prognatismo).

  • Há alguns anos um “novo tipo” de American Bully vem surgindo, cães com características mais “Bulldogs” que os American Bullies originais, essas grandes mudanças no fenótipo da raça se devem a constantes inserções de outras raças de cães do tipo “Bull”, as inserções foram tão constantes nesses últimos anos, os cães tornaram- se tão afastados do padrão original proposto pelo American Bully, que um conflito inevitável dentro dessa raça recaiu sobre os clubes, proprietários e criadores. A saída foi a de compor uma nova raça, com características próprias. Os então, apelidados carinhosamente de “Exotics” pelos criadores, agora podem seguir seu próprio caminho. Não se espera mais traços Terrier nessa raça, devido a tamanha prevalência/influencia dos Bulldogs. Os cães tem o propósito exclusivamente de Companhia.

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